terça-feira, novembro 22, 2005

Para Meditar

Um email enviado por uma colega de trabalho. É enorme, mas vale a pena ler até o fim.

Construir um país - O que todos sabemos e não admitimos...

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.
Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.

O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria-prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.

Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.

Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.

Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.

Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros. Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar-lhe o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.

Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.

Como "matéria-prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte...Fico triste.

Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje mesmo, o próximo que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier.

Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui, faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados!

É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...

Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um Messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.

Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez.

Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.

Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.

E você, o que pensa?.... MEDITE!

Eduardo Prado Coelho - in Público

sábado, novembro 19, 2005

Tempestade

Na madrugada do dia 16 de Novembro, o "João Pestana" esqueceu-se da minha existência.

Era 1 da manhã quando decidi ir para a caminha xonar (ou pelo menos tentar), mas a coisa ficou difícil depois de eu ter-me apercebido dos relâmpagos.

Não, não tenho medo de relâmpagos. Apenas tornou mais difícil a tentativa de adormecer...com aqueles clarões contínuos, era como se tivesse de dormir de luz acesa (e eu não gosto muito disso). À falta de coisa melhor, agarrei na minha "makinina" e fiquei colada à janela tentando apanhar uns raios +/-, mas só apanhei uns clarões (não tinha ganas de abrir a janela nem de montar o tripé, por isso foi o que se arranjou.

Teve uma certa piada, dei por mim a pensar que não devia estar muito boa da cabeça...1 da manhã, andava a fotografar relâmpagos e no dia seguinte tinha de ir trabalhar...é de loucos.

Depois de algumas tentativas cansei-me e virei-me para o lado...já não havia luz que me perturbasse.

Apesar de estar cansada consegui apreciar a beleza do espectáculo (belo porque estava longe he he he). Pena que as fotos não tenham ficado tão boas como eu queria. Mesmo assim espero que gostem destes 3 expemplos que aqui vos deixo para que fiquem com uma ideia do espectáculo dessa madrugada.



quinta-feira, novembro 03, 2005

Revolta

Não, não estou revoltada com nada em especial.

Na semana passada fui "fazer tempo" ao Lido. Fiquei olhando para a praia, observando o mar - é uma imensidão que fascina-me - e reparei no seu estado...estava furioso, espumava de tão raivoso.

Não resisti e desci até a varanda, as ondas eram enormes mas não chegavam a molhar ninguém.

Fiquei olhando a água de cima...parecia louca, desnorteada, invadia a terra, batia nas rochas e voltava para trás...conduzi o meu olhar até o ilhéu e lá as águas estavam mais calmas (aparentemente).

Nesse momento ouvi um click e uma lâmpada surgiu acesa mesmo ao lado da minha "tola". LOL

Agora a sério...

Não sei bem porquê, mas ao olhar de novo para as águas perto de mim, comparei-as à minha vida...um turbilhão de problemas, de emoções retraídas, de palavras mudas e, no entanto, a calmaria estava um pouco além. Só tinha de nadar para lá chegar, mas havia um pequeno grande problema: SAIR daquelas águas enfurecidas.

Águas que nos afogam (literalmente) -> problemas que nos sufocam (emocionalmente).

Depois da tempestade vem a bonança, mas muitas vezes ficamos presos na tempestade e desesperamos por não alcançarmos a bonança, por não conseguirmos expressar-nos, por não encontrarmos maneira de resolver os nossos problemas com a brevidade que gostaríamos.
É incrível o efeito que o mar tem em mim...faz-me divagar, dá asas à minha imaginação.

E isto tudo só para vos dizer que a minha vida (e a de todos vocês) pode ser comparada ao Mar...uma imensidão de emoções, de problemas, mas também de alegrias, de luz.

Afinal, nem tudo neste mundo é escuridão.

terça-feira, novembro 01, 2005

Ausência

Como puderam notar, estive ausente por uns dias.
O motivo desta ausência foi a necessidade de me acalmar.
No último post explodi um pouco; escrevi-o de cabeça quente...é a única maneira de dizer o que realmente penso e sinto, mas sei que isso não é saudável...falar à bruta, sem pensar no que digo e na maneira que o faço.
Agora, com mais calma, vou dar continuidade ao meu “Diário Virtual”.